Porque se eu, formada em Jornalismo e estudante de Pedagogia, não fizesse algo sobre isso, sentiria a impotência comigo mesma. Fui registrar o BO de agressão na 6ª DP da Agronômica. Quando cheguei na Delegacia da mulher, criança e adolescente, fui recebida por um agente, que em resposta a pergunta de uma amiga se podia me acompanhar, falou que eu deveria aprender a me defender sozinha. "Ela precisa aprender a se defender sozinha". A frase dele foi chocante em um primeiro momento, mas não me senti acuada, muito pelo contrário. Comprovei que mulheres fragilizadas são muito maltratadas pelo sistema e por isso, sentem-se intimidadas e relutam em seguir com a denúncia.
Como o crime aconteceu no município de Palhoça, para adiantar o caso, fiz o registro do BO na Delegacia de lá, que inclusive ficava ao lado da casa do agressor. Precisei contrargumentar com um policial que recém tinha sido transferido para o setor e não apresentava conhecimento da Lei Maria da Penha. Tudo isso me deixou mais desconfortável. A questão é que o fato da agressão não diz respeito só a mim, mas a todas as mulheres que são constrangidas cotidianamente. Não recebem o tratamento adequado por parte do serviço público, são submetidas a demora dos processos e nunca se tornam demanda de nada, inclusive na semana de ativismo contra a violência a mulher.
Se essa experiência puder ser ampliada para que possamos levar algo dela conosco, sinto que não a vivi a troco de nada. Então, o roxo em meu rosto será reinventado e muitas ações em pessoas boas terá despertado. A violência só tem cara a partir do momento em que escancaramos sem anseios de seguir em frente. Ser mulher em uma sociedade patriarcal e machista, que trata a diversidade como doença mental não é uma tarefa fácil. Mas as mudanças só acontecem quando estamos dispostas. A minha disposição é grande e constante.Perene. Nesse momento, preciso de apoio. É o pedido mais franco e desarmado que faço a todas e a todos. Outras pessoas calaram diante de casos parecidos. Falar (e escrever) é o que sei fazer. Faço disso frente de uma luta.
Atenciosamente,
Úrsula."
Eu não a conheço muito bem, infelizmente. Mas a proximidade, querendo ou não, aumenta a raiva que a gente sente quando isso acontece.
Agressão não é normal, nem aceitável. Não importa com quem, não importa onde.
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