Eu estava no ônibus, em hora de fim de expediente, lotado. No caminho para casa, 20 minutos se passariam. Vinte minutos sobre os quais eu não teria o menor controle. Entre uma tentativa e outra de não esbarrar em alguém e de manter o equilíbrio, ouvi o relato:
...
- É, eu tive que sair de casa. - disse o garoto, meio encabulado - Estou ficando, por hora, na casa de uma amiga.
Enquanto falava, olhava e acariciava os braços, ainda meio roxos.
- Ela (?) não te contou a história toda? Pois é, então... Eu saí mais cedo do trabalho, um dia, e o encontrei com outro na nossa casa. Na nossa casa - repetia, desolado. Fiquei puto, né? Mandei o cara embora e a gente discutiu feio. Ele não chegou a me bater, mas me segurava com tanta força... não sabia que ele era capaz de me tratar daquele jeito.
- Aí você saiu de casa?
- Não. Insisti mais um pouco, mais um tempo. Mas passei a sentir ciúmes e a gente começou a brigar com mais frequência. Aí sim ele me bateu. Um soco no olho, uns empurrões - e ergueu os óculos escuros, como que para mostrar alguma coisa.
- E agora? Vais ficar na casa da tua amiga até quando?
- Até quando precisar, até quando achar um apê para mim.
E a conversa seguiu, sobre imobiliárias e preços de aluguéis, até o meu ponto final.
Viados...
ResponderExcluirPuxa,
ResponderExcluirque história tensa.
Bonito recorte na rotina, parabéns pelo texto e pelo blog.